Eduardo Monteiro2023-03-28T10:45:29+00:00

Florence ajudou a construir um capítulo de sucesso para o setor, diz presidente da Anda

O empresário e presidente da Associação Nacional para Difusão de Adubos, Eduardo Monteiro, fala sobre a trajetória de Carlos Florence

Qual o maior legado de Carlos Florence?

A figura única e ímpar dele coincide um pouco com a história do mundo associativo. O tempo de experiência dele nesse segmento é maior do que a minha própria idade. Toda essa história de vida do Carlos Florence envolveu uma dedicação com muito afinco, com muito carinho ao setor de fertilizantes, e contribuiu com o contexto atual e o desenho representativo da cadeia de fertilizantes do Brasil nas associações. Ele tem uma contribuição muito relevante ao setor.

Que pontos destacaria nas ideias de Carlos Florence para o setor de fertilizantes que ainda não foram implementados?

Eu diria que o que a gente pode depreender do legado do Florence é continuarmos trabalhando na história de sucesso da indústria de fertilizantes do Brasil. Hoje nós nos tornamos o quarto maior mercado consumidor do mundo. A gente é um país que, graças aos órgãos de pesquisa como Embrapa — que mostrou a forma como a agricultura poderia ser desenvolvida, e o fertilizante tendo um papel fundamental nesse contexto —, o mercado cresceu de uma forma exponencial, e o Carlos Florence acompanhou todo esse progresso. O Brasil da década de 70, que era um importador de alimentos, hoje é grande protagonista mundial de exportação e produção de alimentos no mundo. Eu entrei nessa indústria quando se fazia 9 milhões de toneladas, neste ano vamos fazer 44 milhões de toneladas, e o Carlos Florence ajudou a construir esse capítulo de sucesso num segmento que tem hoje uma importância e uma relevância estratégica muito grande. Sempre apaixonado pelas suas lutas, sem dúvida nenhuma ajudou para que o setor avançasse, se desenvolvesse e chegasse aos números de hoje. Isso não significa que a gente não tenha mais coisas pra fazer. Hoje a gente chegou numa situação em que 85% do insumo brasileiro é importado. O Brasil precisa se conscientizar e trabalhar para reduzir a dependência externa. Tenho certeza que isso vai ajudar o produtor nacional. E tudo aquilo que girava em torno de melhoria pro país, pro segmento de fertilizante, eu tenho certeza que eram batalhas que o Florence adoraria tê-las conosco. Então é continuar a escrever esse legado de sucesso olhando pro futuro.

O senhor poderia citar um exemplo da luta de Florence…

Olha, no mundo associativo, uma das batalhas que ele encampava era garantir acesso aos fertilizantes por parte do mercado brasileiro. Era uma pessoa dedicada, apaixonada, que não poupava sua energia, a sua eloquência ao defender essa bandeira.

Aquilo que Florence imaginava para o país se concretizou?

Na verdade a gente se encontra numa rota interessante rumo a essa direção, mas ele era um grande entusiasta do agronegócio, ele acreditava que o agro seria um importante expoente dentro da economia brasileira e hoje já o somos. Representamos praticamente um quarto do PIB e eu sempre vi ele abraçar essa bandeira com bastante entusiasmo.

O senhor gostaria de acrescentar algo mais a respeito?

Queria destacar o lado pessoal dele. Um escritor, um intelectual, que mandava os textos dele regularmente, eu sempre o lia, e percebia que ele tinha capital intelectual diferenciado. Era uma pessoa de boa índole, bom caráter. Tínhamos divergências em algumas discussões, mas sempre uma divergência tratada com lealdade, transparência e honestidade. Um cara que eu admirava muito profissionalmente.