O legado de Carlos Florence
(1938–2021)
Uma unanimidade. Um líder agregador. Discreto, diplomático e elegante. Humilde sem ser servil. Articulador. Estudioso. “O professor”.
Os adjetivos elogiosos a Carlos Eduardo Lustosa Florence são inúmeros. Ao longo da série de depoimentos colhidos para esta homenagem, emerge uma figura humana carismática e devotada ao trabalho, que deixou um legado pessoal e profissional enorme. Economista formado pela Faculdade São Luiz, destacou-se como diretor-executivo da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (AMA Brasil), onde liderou um longo processo de organização do setor, ajudando a consolidar o papel dos fertilizantes na cadeia produtiva do agronegócio. Chamado de “professor” pelo seu grande conhecimento do mercado de fertilizantes, Florence era fonte do Valor Econômico desde a criação do jornal, em 2000.
Carlos Florence também escrevia e desenhava, herdando dons artísticos do seu tetravô Hercule Florence, desenhista, naturalista, inventor e tipógrafo nascido em Nice, na França, e integrante da expedição Langsdorff, que cruzou o Brasil entre 1824 e 1829. Nos últimos anos voltou a dedicar-se aos estudos de forma mais sistemática. Estudava música, canto, literatura e filosofia. Em 2018 publicou “Ensaios à solidão”, em que narra a história de um sertanejo retirante.
A vida no campo, aliás, era outra de suas paixões. A fazenda era seu refúgio, onde recarregava energias que, no seu caso, pareciam infindáveis, dado o empenho com que se dedicou ao trabalho. Florence morreu em 30 junho, poucos dias antes de completar 83 anos. Este espaço ficará aberto para homenageá-lo.