Um homem de coração puro
Irena Barbi, secretária da Anda, descreve a persistência e a leveza que Florence empregava no trabalho
Irene, a gente queria ouvir as histórias que você tem pra contar sobre o Florence.
É tudo aquilo que todo mundo já falou. Florence foi uma pessoa maravilhosa, com certeza deixou muitos amigos. Nunca vi Florence brabo. Estava sempre alegre, participando de tudo, não se envolvia em atritos. Quando havia algum atrito ele saía fora com muita discrição. Nos últimos meses, quando foi meu chefe — era diretor interino da Anda —, ele participava de todas as reuniões e dava feedback de todos os pontos, entendia de tudo, e foi muito bom trabalhar com ele.
Eu imagino que nessa atividade também tenha momentos de tensão, de confronto de ideias, e quando precisa resolver essas crises você precisa ser mais duro, mais firme. Como ele operava isso?
Ele usava de muita diplomacia, de muito jeitinho assim para contornar as coisas, e se saía bem. Com ele não tinha tempo quente, era uma pessoa muito tranquila. Sabia cativar, tinha um coração puro.
Você o conheceu antes da Anda, certo? Quando ele era dirigente da AMA…
Antes da AMA. Eu o conheci quando ele tinha a empresa Cobrin.
O que você lembra dele naquela época?
Olha, naquela época o Florence não era tão extrovertido. Quando foi pra AMA ficou mais. Mas naquela época a gente não conversava com os diretores, era bom dia, boa tarde, não tinha muito entrosamento, mesmo porque o volume de trabalho era grande.
E quando foi seu chefe, você acompanhou vitórias e derrotas…
Derrota? O que eu posso dizer… Só se ocorreu em algum subgrupo que ele participasse, porque ele estava em todos. Pode ter havido derrota em algum pleito, mas aqui, derrota de ele lastimar, não. Ele sempre comentava: “Deve ter outro meio, deve ter outro caminho”.
Ele não se entregava?
Não. Sempre tentava achar outro caminho. Agora, na AMA eu acho que ele nunca teve derrota. Sempre esteve em alta, fez a AMA crescer, uniu os misturadores, fez muitos amigos, e acredito que não tinha nenhum inimigo. Acho que se tivesse, a pessoa se tornaria amigo com o tempo, pelo carisma do Florence, que é uma pessoa como poucos.
Como preencher esse espaço, esse vazio?
Não dá pra preencher. Florence vai ficar na história, na memória de cada um. Eu diria até insubstituível.
Tem algum episódio dessa convivência que você gostaria de compartilhar?
O que mais lembro é que quando precisava de um número de telefone ou de um e-mail, Florence ligava pra mim: “Menina, não estou achando. Você tem. Me passa”. Às vezes me ligava quatro, cinco, seis vezes no dia pedindo isso.
Você era a agenda dele.
É, eu era a agenda dele. Realmente. E era divertido, viu? Quem não o conheceu, só através desse prêmio, desses depoimentos todos, vai conhecer. Não sobrou muita coisa pra falar, mas tudo aquilo que foi dito aqui, pelos outros entrevistados, eu endosso.